Polícia

"Serial Killer" volta ao banco dos réus nesta sexta-feira

Albino Santos de Lima, apontado como o serial killer de Maceió, volta a júri popular por assassinato no Vergel do Lago

Por Thayanne Magalhães 31/10/2025 08h13
'Serial Killer' volta ao banco dos réus nesta sexta-feira
Albino Santos de Lima, apontado como o serial killer de Maceió, volta a júri popular por assassinato no Vergel do Lago - Foto: MPAL

Ele ficou conhecido como o “serial killer de Maceió”, um nome que virou sinônimo de pavor nos becos e ruas do Vergel do Lago. Agora, Albino Santos de Lima volta ao banco dos réus para responder pelo assassinato de Tamara Vanessa da Silva e por duas tentativas de homicídio ocorridas em junho de 2024. O julgamento acontece nesta sexta-feira (31), no Fórum da Capital, presidido pela 7ª Vara Criminal de Maceió.

De acordo com o Ministério Público de Alagoas, Albino é acusado de atirar contra três pessoas por volta das 23h, quando as vítimas retornavam para casa. Tamara morreu no local; outra pessoa foi baleada; e uma terceira conseguiu escapar. O MP sustenta que o ataque foi sem motivação aparente e que o réu “agiu por impulso homicida”, sem qualquer ligação entre as vítimas e o crime organizado — tese oposta à defesa, que tenta atribuir os disparos a um suposto acerto de contas.

O júri havia sido inicialmente marcado para o início de outubro, mas precisou ser adiado por motivo de saúde do advogado de defesa.

Histórico e perfil do acusado


Albino, ex-agente penitenciário terceirizado, é considerado o maior homicida em série da história recente de Alagoas. Ele já foi condenado a 37 anos, 1 mês e 15 dias de prisão por homicídio qualificado e tentativa de homicídio em outro processo. Ao todo, responde por diversos crimes cometidos entre 2019 e 2024, quase todos com características semelhantes.

As investigações conduzidas pela Polícia Civil e pela Perícia Oficial de Alagoas identificaram que o acusado:

Escolhia as vítimas — em geral mulheres jovens, morenas, de cabelos escuros — após monitoramento em redes sociais;

Atacava à noite, em áreas próximas à sua residência;

Usava uma pistola calibre .380, registrada em nome do pai, policial militar da reserva;

Mantinha em seu celular imagens e registros de vítimas, além de anotações com datas e locais, o que os peritos classificaram como “comportamento ritualístico”.

Perícias balísticas e vídeos de câmeras de segurança confirmaram que a mesma arma foi usada em pelo menos oito homicídios. Há indícios de até dez mortes atribuídas a ele.

Expectativa e impacto


O caso Albino Santos de Lima expôs a fragilidade das investigações de crimes em série no estado e reabriu discussões sobre a responsabilidade penal de acusados com traços de psicopatia. A defesa tenta enquadrá-lo como portador de transtorno mental; o MP o descreve como um criminoso frio, metódico e consciente de seus atos.

A nova sessão do júri deve reacender a dor das famílias e o temor dos moradores do Vergel do Lago, bairro que foi palco de boa parte das mortes associadas ao réu. Enquanto a defesa aposta em nova estratégia para reduzir a pena, o Ministério Público pede a condenação máxima, argumentando que cada julgamento representa um passo de reparação para as vítimas e um acerto de contas com a cidade que o viu espalhar medo.